9 de abril de 2013

"PIETÁ", DE MICHELANGELO - Wim Van Aalst

‘Pietà’, de Michelangelo, 1499, em mármore, com quase 2 metros de altura por 1 metro e 50 centímetros de largura, Basílica de São Pedro; Vaticano, Santa Sé, Cidade do Vaticano (BEJAN Design)

É dito que é preciso acreditar em si mesmo quando se quer conseguir algo. A confiança não era algo que o jovem Michelangelo tinha em falta. Quando o artista de 23 anos de idade foi contratado para esculpir a obra Pietà em 1498, o acordo oficial declarava que deveria ser a mais bela escultura em Roma, superando a de todos os artistas vivos.

Qualquer um que assinasse esse tipo de acordo seria um grande tolo, a menos que fosse Michelangelo, aparentemente.

É difícil alcançar a beleza, mas com certeza, dois anos mais tarde, a Pietà foi concluída e apresentada na Basílica de São Pedro. Foi declarado não só o melhor trabalho contemporâneo, mas também se considerou ter ultrapassado as esculturas dos antigos gregos e romanos – o padrão segundo o qual a arte era medida.

Giorgio Vasari, contemporâneo de Michelangelo, recordou eloquentemente em seu livro “As vidas dos artistas”: “Seria impossível para qualquer artesão ou escultor, não importa o quão brilhante, superar a graça ou o design deste trabalho ou tentar cortar e polir o mármore com a habilidade que Michelangelo demostrou. Pois a Pietà foi uma revelação de todas as potencialidades e força da arte da escultura.”

Assim, Michelangelo alcançou grande fama, embora esta tenha pregado ao menos uma peça na mente do jovem. Quando ouviu alguns visitantes comentando que ele era jovem demais para realizar algo de tal beleza e que a obra tinha sido concluída por outro artista, isso o aborreceu tanto que ele se esgueirou de volta à Basílica durante a noite e gravou seu nome na faixa da Virgem.

Tendo lamentado sua explosão de orgulho, ele prometeu nunca assinar outro trabalho novamente e nunca o fez.

Esta é uma Pietà no verdadeiro sentido: embora o tema Stabat Mater seja a Santa Maria de pé junto à cruz, angustiada pela morte do filho, a Pietà é o momento de reconciliação e aceitação.

Aqui vemos Maria em transição, a tranquilidade assumindo o lugar da tristeza, evidente na serenidade do rosto de Maria e no gesto gentil de seu braço esquerdo: Deixe-o ir.

A expressão serena de Maria é apoiada pela solidez de seu enorme manto. Deixando a angústia, ela aparece como uma montanha, com fé inabalável, ainda inclinando-se para o lado um pouco, superando o esmagador peso dos eventos recentes.

Seu rosto venceu o sofrimento. Ela segura o corpo do filho nos braços. A excepcional beleza de seu rosto – talvez a face mais bela já esculpida na Terra – só é igualada pela paz de sua expressão. A última coisa que Ele sentiu na Terra foi claramente a beatitude e a perfeição dos céus.

Michelangelo mesmo disse, numa frase comumente citada, que tinha a intenção de retratar uma “visão religiosa de abandono e o rosto sereno do Filho”.

A arte genuína tem o poder de fortalecer o espírito das pessoas. O coração de Michelangelo, obviamente, sabia desta verdade. Tendo perdido a mãe aos 5 anos (ele mencionou ter usado sua memória como um modelo para o rosto da Virgem), o florentino conhecia em primeira mão sobre a grande perda e sobre como ficar em paz com ela.

Ele sublimou as dolorosas experiências da infância de forma construtiva numa obra grandiosa para deixar-nos uma das melhores obras de arte que a Terra já viu.

* Wim Van Aalst tem mestrado em publicidade e design gráfico e é pintor autodidata que ensina técnicas tradicionais de pintura a óleo.

Extraído do sítio The Epoch Times

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