17 de maio de 2013

MÉXICO E CHILE: AS ESTRELAS LATINAS DE CANNES EM 2013 - Camila Moraes

Há menos diretores da região do que no ano anterior, o que pode se explicar por muitos deles estarem em novos projetos.

Com o anúncio da programação do 66º Festival de Cinema de Cannes, que acontece entre os dias 15 e 26 de maio na Riviera Francesa, foi dada a largada para a corrida dos filmes autorais que eu, você e todo mundo verá no próximo ano. O evento continua sendo a maior vitrine internacional do chamado “cinema art house”, e tamanha é sua auto-confiança, que ele pode se dar ao luxo de confundir um pouco as pessoas e escolher ninguém menos que Steven Spielberg para presidir o jurado deste ano.

Heli, de Amat Escalante
Pela disputada Palma de Ouro concorrem 19 títulos, e vários deles são as últimas novidades de cineastas consagrados, como Joel e Ethan Coen, Takashi Miike, Jim Jarmusch, Steven Soderbergh, Asghar Farhadi, Roman Polanski e Francois Ozon.

Um único latino-americano figura nesse panteão: o mexicano Amat Escalante, diretor de Heli, seu terceiro longa-metragem. Escalante participou de Cannes todas as vezes que estreou um filme: em 2005, com Sangre, em 2008, com Los bastardos (que o lançou à fama mundial), e em 2010, com o longa coletivo Revolución.

Ponto para o México, que será representado também por “La jaula de oro”, primeiro filme de Diego Quemada Diez, na seção “Um certo olhar”, também competitiva.

Nas demais seções do festival, talentos latinos aparecem aqui e ali, mas sem a dimensão da presença na seleção de 2012. “Os realizadores latino-americanos que competiram no ano passado, quando houve uma forte presença dessa região em Cannes, estão escrevendo seus próximos filmes”, declarou Edouard Waintrop, responsável pela programação da Quinzena de Realizadores, na coletiva de imprensa.

Pode ser que Edouard tenha razão, mas há boas notícias na atual edição, e a principal delas é confirmação do Chile como o país dono da cinematografia latina mais cativante do momento.

Os chilenos marcam presença na Quinzena dos Realizadores, mostra paralela com 21 longas, dos quais três tem a marca do Chile: “El verano de los peces voladores”, a primeira ficção da documentarista Marcela Said (“I love Pinochet”); Magic Magic, o quinto filme de Sebastián Silva (La nana), filmado em inglês no Chile com atores como Michael Cera e Juno Temple; e o auto-biográficoLa danza de la realidad, que representa a volta como diretor de Alejandro Jodorowsky (El topo), ator, escritor, pintor, guru e realizador franco-chileno, cujo último filme, El ladrón del arcoiris, foi lançado 21 anos atrás.

"O verão dos Peixes voadores", de Marcela Said

“Vão ter uma surpresa. É meu filme mais emotivo e mais ambicioso. É tão arriscado, que será um enorme sucesso ou um rotundo fracasso, e minha carreira acabará em Cannes”, declarou o diretor à imprensa de seu país. Jodorowsky, por sinal, é tema de outro filme da Quinzena: “Jodorowsky’s Dune”, um documentário sobre a filmagem fracassada de “Duna”, livro de Frank Herbert que ele tentou adaptar. O longa dirigido por Franck Pavich é um dos títulos dessa mostra que competirão pela Câmera de Ouro.

Ainda na Quinzena, nove curtas serão apresentados, dos quais um é colombiano (Solecito, de Oscar Ruíz Navia), um é argentino (Que je tombe tout le temps?, de Eduardo Williams) e outro é brasileiro (“Pouco mais de um mês”, de André Novais Oliveira).

Pôster oficial da premiação na edição 2013

E é com outro curta que a participação do Brasil nesta edição se completa. “Pátio”, de Aly Muritiba, será exibido na Semana da Crítica, que acontece em Cannes quase ao mesmo tempo que o festival, de 16 a 24 de maio.

Já a Argentina tem uma presença mais expressiva, com o longa Los dueños, de Agustín Toscano e Ezequiel Radusk, também na Semana da Crítica, e - com maior destaque - Wakolda, o novo filme de Lucía Puenzo (XXY) na seção "Um Certo Olhar".

Por fim, outra boa notícia para a delegação latino-americana vale a pena destacar: Ilda Santiago, diretora do Festival do Rio, é uma das integrantes do júri de "Um Certo Olhar" junto com o distribuidor espanhol Enrique González Macho e outros profissionais do cinema mundial.

Sim, sangue latino ainda corre fresco nas veias de Cannes.

Extraído do sítio Opera Mundi

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