27 de maio de 2013

MIA COUTO VENCE PRÊMIO CAMÕES 2013 - Sílvia Souto Cunha

Mia Couto é o vencedor da 25.ª edição do prémio, no valor de €100 mil, que é o mais importante galardão literário da língua portuguesa. O escritor diz-se surpreendido, mas muito feliz.


A noite já caíra em Lisboa quando o júri do 25º Prémio Camões fez saber que Mia Couto, nascido em 1955 na Beira, com sangues portugueses a correrem-lhe nas veias, era o vencedor do Prémio Camões 2013. Biólogo que deixou os estudos de medicina para trás, militante que integrou o movimento pela independência de Moçambique face ao colonialismo português, jornalista em várias publicações no pós-25 de abril de 1974, poeta que já escreveu cerca de duas dezenas de romances, livros de contos, histórias infantis e volumes de crónicas, António Emílio Leite Couto é o segundo moçambicano distinguido, depois de José Craveirinha em 1991. 

Foi escolhido pela importância da sua obra nas literaturas de Língua portuguesa por um júri constituído pelo jornalista e escritor José Carlos de Vasconcelos, os escritores José Eduardo Agualusa e João Paulo Borges Coelho, a professora catedrática Clara Crabbé Rocha, o crítico Alcir Pécora e o embaixador e membro da Academia Brasileira de Letras Alberto da Costa e Silva. Mas tem já um longo percurso premiado: o volume de crónicas Vozes Anoitecidas foi reconhecido com o prémio da Associação de Escritores Moçambicanos 1986, e seguiram-se-lhe galardões como o Vergílio Ferreira 1999, União Latina de Literaturas Românicas 2007 ou Eduardo Lourenço 2012. 

O seu primeiro romance, Terra Sonâmbula (1992) marca um estilo literário singular, reconhecido igualmente em livros posteriores como A Varanda do Franjipani (1996), Um Rio Chamado Tempo, Uma Casa Chamada Terra (2002) ou O Outro Pé da Sereia (2006): uma subversão linguística, inspirada nas tradições orais, um lirismo apegado aos sonhos e aos sentimentos arcaicos dos homens. E uma humanidade fincada em terras africanas. Espartilhos literários de que tem tentado evadir-se nos romances mais recentes, como na utopia desesperada descrita em Jesusalém (2009), ou na história inspirada em fatos reais de A Confissão da Leoa (2012). 

Em agosto de 2012, disse à VISÃO: "Agora, e felizmente, há escritores africanos que se estão a libertar dessa imposição de parecerem africanos. Eles estão a escrever o que querem. Nos últimos três ou quatro livros meus, estou a tentar libertar-me... Não me apetece que me fechem numa ideia de escritor previsível. A escrita tem de ser surpreendente, instigar-me."Surpreendido e feliz 

O escritor moçambicano Mia Couto disse já à Agência Lusa que ficou surpreendido por ter sido o vencedor da 25.ª edição do Prémio Camões, tendo ficado "muito feliz" com esta distinção, num dia que, revelou, não lhe estava a correr de feição.

"Recebi a notícia há meia hora, num telefonema que me fizeram do Brasil. Logo hoje, que é um daqueles dias em que a gente pensa: vou jantar, vou deitar-me e quero me apagar do mundo. De repente, apareceu esta chamada telefónica e, obviamente, fiquei muito feliz", avançou à agência Lusa Mia Couto, sem adiantar as razões.

Extraído do sítio Visão.pt

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