7 de maio de 2013

MOSTRA NO CCBB FAZ PANORAMA DO TRABALHO DO DIRETOR ALEXANDER SOKUROV - Marianna Salles Falcão

Premiado filme do diretor, Fausto encerrou sua Tetralogia do Poder (Crédito: Divulgação)

Um profundo pesquisador da morte, da perda e das relações humanas. Foi tratando temas assim que o diretor russo Alexander Sokurov acabou reconhecido como um dos maiores cineastas da atualidade. A partir de 7 de maio, o público carioca terá a chance de descobrir por quê, na mostra Alexander Sokurov – Poeta Visual, no Centro Cultural Banco do Brasil.


O subtítulo, 'Poeta Visual', vem do extremo cuidado de Sokurov em pensar questões plásticas do cinema em consonância com outras formas de arte. "Sokurov se diz o herdeiro de uma tradição clássica nascida na pintura. A sua visão sobre o plano, sobre a tela do cinema é diferente; como se ele aplicasse as técnicas da pintura ao cinema. Essa ligação fica clara no filme Arca Russa onde ele literalmente pinta um único quadro de uma hora e meia. O reconhecimento de Sokurov vem, portanto, desse movimento artístico, que vai muito além do cinema", diz o curador Fábio Savino, que selecionou os 30 títulos da mostra ao lado de Arndt Roskens.

Serão exibidos longas, médias e curta-metragens de ficção, além de uma seleção de documentários. Está na programação também sua famosa Tetralogia do Poder, que engloba os filmes Moloch, Taurus, O Sol e Fausto. Em cada um dos filmes, uma figura de renome - para bem e para mal - é o foco da trama. "Retratando importantes nomes da história da humanidade - Hitler, Lenin, Hirohito e o personagem Fausto - ele cria e recria a própria a história. O poder é exposto no seu momento mais frágil, menos grandioso. São verdadeiros retratos de pessoas comuns, que enlouquecem, que têm medo, que vivem", explica Savino. Pelo último longa da tetralogia, um destrinchamento do poema Fausto, de Goethe, usando um cientista que faz um pacto com um comerciante diabólico como personagem principal, foi vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza em 2011. 

Conhecido pela série de filmes, os 10 longas que formam Elegia (Melancolia de Moscow, Elegia da Rússia, Elegia da Vida, Elegia de uma Viagem, Elegia Soviética, Uma Simples Elegia, Elegia, Elegia Oriental, Maria/Elegia Camponesa e Elegia de São Petersburgo) também serão apresentados. Na mostra, estão inclusos ainda os documentários, cada um dividido em cinco partes,Vozes Espirituais, sobre soldados na fronteira com o Afeganistão, e Confissão, sobre marinheiros de um navio de guerra no Mar Báltico.

Para os curadores Arndt Roskens e Fábio Savino, a preferência do diretor por séries e sequências de filmes tratando dos mesmos temas ou questões semelhantes criou, com sua filmografia, uma espécie de “investigação sem fim de alguns dos problemas da civilização moderna, como a filiação e suas implicações”, iniciada já em seu primeiro longa, A Voz Solitária do Homem. “As temáticas de seus filmes giram, quase sempre, em torno de questões como a morte, o tempo, a família, seres solitários, a perda de um parente ou um amor. Pode-se mesmo dizer que Sokurov trabalha a arte como instrumentos de melancolia”, dizem os curadores.

Mais informações em Programação Cultural

Extraído do sítio Secretaria da Cultura do RJ

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