21 de maio de 2013

SURPREENDA-SE COM O MUSEU MAIS VISITADO DO PERU

A fachada do museu foi inspirada na arquitetura greco-romana. Foto: Visor Peru/Creative Commons

Lima é uma cidade cheia de museus. Alguns deles são dedicados aos tesouros das civilizações que habitaram o Peru antes da chegada dos espanhóis, outros trazem algumas pérolas do período colonial, mas nenhum é mais popular que o Museu do Congresso e da Inquisição, que recebe quase 232 mil visitantes por ano.

O motivo do sucesso é uma mistura de curiosidade mórbida e interesse histórico. Fundado em 1968, por um lado, o museu expõe as práticas de tortura usadas pela Inquisição no Peru entre os séculos 16 e 19; por outro, conta a história da primeira sede do Senado do país – a instituição ocupa o prédio onde este se reuniu entre 1821 e 1939.

A aula de história começa pela fachada, inspirada na arquitetura grego-romana. Atrás dos pilares, quatro medalhões retratam ilustres parlamentares do século 19. Da esquerda para a direita, aparecem Francisco Xavier de Luna Pizarro, primeiro presidente do Congresso Constituinte do Peru; Francisco de Paula Gonzáles Vigil, deputado, senador e diretor da Biblioteca Nacional; Manuel Salazar y Baquijano, deputado, presidente do congresso e presidente da república (1827); e Bartolomé Herrera, deputado, ministro da justiça e bispo da província de Arequipa.

Antes de entrar, atente-se aos brasões na porta de madeira, cada um composto por 30 varas – uma para cada cúria da Antiga Roma. Em formato de cilindro, eles representam a união. Ao lado, o machado simboliza força, enquanto a rama expressa paz; já as folhas de louro, vitória e glória.

O hall de entrada é coroado por uma cúpula, que teve sua construção supervisionada pelo então presidente do Chile, Nicolas de Piérola Villena. Na parede, quatro estátuas do século 19 representam a liberdade e a justiça. Siga em frente.

O próximo ambiente é um dos mais importantes do museu. Nele aconteciam as audiências do Tribunal da Inquisição durante o período colonial. Estabelecido em 25 de janeiro de 1569, julgava os colonos que atentavam contra os dogmas da Igreha. Ao fundo, uma mesa com quatro personagens, entre inquisidores e acusado, retrata o momento da sentença judicial.

No período republicano, esse mesmo ambiente se transformou na Sala de Sessões do Senado Nacional, onde parlamentares se reuniam para debater o futuro do país. Ao lado dela está o Pátio Sevilhano, que traz uma placa com o nome do primeiro inquisidor, Serván de Cerezuela.

As salas seguintes são a Câmara Secreta da Inquisição, responsável por guardar os processos realizados pelo tribunal, e a Sala da Constituição, onde se conserva a constituição política do Peru, desde a primeira, de 1823, até a atual, ratificada em 1993.

Um dos pontos altos do museu é a Sala dos Autos da Fé. Ela conta a história das cerimônias em que os condenados pela Inquisição eram punidos em público – o ritual envolvia a procissão, a missa, a leitura de sentenças e a reconciliação dos pecadores. Pregadores e guardas saiam às ruas, um mês antes, convidando a população para assistir o ato público. Há um quadro no local retratando a cena. Adiante fica a Sala do Tronco, onde os réus eram imobilizados pelos pés antes e depois da sentença.

O último ambiente, talvez o mais marcante, é a Câmara dos Tormentos. Os réus eram torturados com instrumentos como “La Garrucha” – o prisioneiro era amarrado com os braços para trás, elevado por uma corda, e solto bruscamente. Já o “Potro”, outro método de tortura, consistia em colocar o condenado sobre uma mesa, amarrar mãos e pés, e girá-los no sentido contrário. Os castigos variavam de acordo com o crime do indivíduo. De arrepiar.

Museu do Congresso e da Inquisição - Plaza Bolívar, 548 - 00xx 311 7777.5160 - Todos os dias, das 9h às 17h - Entrada franca - Visitas guiadas em inglês, espanhol, português, alemão e italiano.

Extraído do sítio Terra

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