22 de junho de 2013

AS NOVAS FACES DO VINHO NACIONAL


Regiões já consagradas na produção de vinhos se unem aos mais recentes produtores, formando uma nova geografia vinícola nacional.

Embora o Rio Grande do Sul tenha dado o pontapé inicial da indústria vitivinícola no Brasil, e ainda hoje seja o mais proeminente pólo produtor de vinhos de primeira linha no país, as décadas de 1990 e 2000 testemunharam o que era até então considerado improvável: parreirais cultivados em uma das regiões mais áridas do nordeste, o Vale do São Francisco, entre Pernambuco e Bahia, e também em uma das regiões mais frias – o Planalto de São Joaquim, em Santa Catarina.

A ascensão recente destas regiões eleva a seis o número de localidades onde a produção de vinhos se tornou expressiva no país, incentivando uma classificação geográfica da bebida aos moldes dos vinhos europeus e moldando as identidades regionais de cada localidade, transformando cada rótulo em mais uma prova da imensa diversidade de nosso país.

Vale do São Francisco

O clima do semiárido nordestino, com alta incidência do sol e seus mais de nove meses de seca por ano, permitiu o cultivo de uvas viníferas graças à irrigação controlada, proporcionada pelo rio que empresta seu nome ao Vale.

A principal cidade na produção de vinhos do Vale do São Francisco, Lagoa Santa, em Pernambuco, foi emancipada do estado de município apenas no ano de 1997.

Com seus mais de 500.000 hectares de vinhedos destinados a vinificação, a região se caracteriza pela peculiaridade de produzir mais de uma safra por ano, graças ao clima seco e solo argiloso, garantindo uma vantagem competitiva diante do mercado internacional.

A receptividade do público aos vinhos do Vale do São Francisco tem sido boa, o que apenas fortalece a estrutura de plantio na região. Entre algumas das variedades cultivadas, os seus Syrah já se comparam a alguns dos melhores exemplares da uva no mundo.

Planalto Catarinense


No Planalto Catarinense, o clima mais frio, tendo até neve, foi aproveitado para o cultivo de outras uvas e a colheita tardia.

Com altitudes elevadas, variando entre 900m e 1350m acima do nível do mar, o Planalto Catarinense têm suas vinícolas situadas entre as cidades de Bom Retiro e São Joaquim. O clima frio torna propício o cultivo de variedades de uvas finas, castas como as Cabernet Sauvignon e Franc, Merlot e Petit Verdot, entre outras que ainda estão em fase experimental de plantio, mas já mostram grande potencial, como a branca Chardonnay e a tinta Nebiollo.

As condições climáticas, num geral, que apresentam até mesmo a precipitação de neve, ainda que por apenas alguns dias do inverno, se mostram, por vezes, até mais favoráveis às vinhas do que as da própria Serra Gaúcha, permitindo uma colheita tardia que normalmente ocorre de março a abril, favorecendo o amadurecimento e concentração de açúcares em variedades que dificilmente encontrariam condições similares em qualquer outra localidade brasileira.

A instalação de novas vinícolas vem crescendo na região, todas em busca de seu solo pedregoso, que apresenta pouca matéria orgânica e uma excelente drenagem, e vem dado fruto a excelentes vinhos, um dos primeiros encontrando as prateleiras nacionais no ano de 2005 e ainda muitos mais por vir.

Campos de Cima da Serra


Com as novas regiões produtoras, o “mapa vinícola” do Brasil, tem um novo desenho desde a década de 1990.

A vizinha ao sul do Planalto Catarinense, sitiada na cidade de Vacaria, Rio Grande do Sul, também é relativamente nova na produção de vinhos, mas já conta com investimentos de grandes vinícolas gaúchas, em busca de novos terroirs.

As características geográficas da região se assemelham, em grande parte, as do Planalto de Santa Catarina, embora as altitudes máximas estejam em torno de 960 metros.

Desde o ano de 2000, variedades de uvas que melhor se adaptam a climas de altitude vêm sendo cultivadas na região. Vinhas da Cabernet Sauvignon e Merlot formam alguns dos principais cultivos, embora até mesmo exemplares da delicada Pinot Noir já possam ser encontrados no mercado, produzidos desde a colheita até o engarrafamento completamente na região.

Serra do Sudeste

A segunda das quatro maiores regiões vinícolas do Rio Grande do Sul, a Serra do Sudeste se encontra no limite extremo sul do estado, entre as cidades de Pinheiro Machado e Encruzilhada do Sul.

As altitudes gerais são menores – cerca de 600 metros acima do nível do mar -, com um solo granítico e clima temperado, com menor incidência de chuvas, que favorecem até mesmo o cultivo de variedades de uva portuguesas, de difícil adaptação fora de outras localidades.

Entre castas tintas e brancas, a região produz cerca de 500 mil garrafas por ano, se adaptando a variedade de uvas finas, como as variedades de Cabernet, a Malvásia, e a alemã Gewürztraminer.

O estado do Paraná, a região Sul de Minas Gerais e o noroeste de São Paulo também contam com uma produção vinícola estabelecida, porém mais centrada em uvas americanas, e sem grandes regiões de cultivo.

Serra Gaúcha

Berço de alguns dos mais cobiçados vinhos nacionais, a Serra Gaúcha foi o marco inicial da produção de vinhos no país, e durante muito tempo o seu único produtor.


A indústria vinícola moderna no Brasil teve seu início com a chegada dos imigrantes europeus ao Rio Grande do Sul.

Tendo como sua “capital do vinho” a cidade de Bento Gonçalves, as vinhas cultivadas se espalham desde seu Vale dos Vinhedos até cidades como Garibaldi, Caxias do Sul e Flores da Cunha, entre altitudes que variam de 400m até 600m.

Embora ainda a responsável por boa parte da produção de vinhos no país, a alta taxa de chuvas na região favorece mais o cultivo de uvas de mesa do que viníferas, sendo que apenas 15% do montante anual produzido chegam a, de fato, se transformar em vinho.

A região da Serra Gaúcha, atualmente, se encontra em fase de renovação, substituindo as variedades de uvas americanas por castas europeias, cada vez mais preocupada em alcançar qualidade internacional, como já é o caso de alguns de seus melhores tintos e espumantes.

Campanha

Fazendo fronteira com o Uruguai, a cidade de Santana do Livramento é o principal ponto de referência ao se falar dos vinhos da região de Campanha Gaúcha.

Uma das mais célebres produtoras de vinhos norte americanas, a Almadén, já possuia instalações na região da Campanha Gaúcha, no auge dos anos 70.

As altitudes são baixa, cerca de 100 até duzentos metros acima do nível do mar, e o terreno é vasto e plano, medianamente fértil e com verões quentes e secos, com baixo índice de chuvas.

As variedades Tannat e Riesling são alguns dos cultivos mais proeminentes, embora castas portuguesas como a Alfrocheiro e Tinta Roriz já tenham se aclimatado em municípios como Bagé e Candiota, com resultados promissores.

Extraído do sítio Vinitude - Clube dos Vinhos

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