14 de junho de 2013

DEPRESSÃO - Lairton Amorim


A depressão é um dos transtornos mais comuns encontrados por profissionais de saúde mental. O alto risco de recaída, o uso elevado de recursos e a perda de capital humano associados à depressão revelam a gravidade do problema desta. Nenhuma quantidade de dados consegue captar ou transmitir adequadamente a dor e o sofrimento pessoal vivenciados na depressão.

A depressão é uma doença. Há uma série de evidências que mostram alterações químicas no cérebro do indivíduo deprimido, principalmente com relação aos neurotransmissores (serotonina, noradrenalina e, em menor proporção, dopamina), substâncias que transmitem impulsos nervosos entre as células. 

A depressão varia de pessoa para pessoa, mas há alguns sinais e sintomas que são comuns. É importante lembrar que esses sintomas podem ser parte de algumas dificuldades normais da vida. Mas quanto mais sintomas você tem, mais fortes eles ficam, mais tempo eles duram, o mais provável é que você esteja a sofrer com incapacidades ligadas à depressão. Quando estes sintomas são esmagadores e incapacitantes, é quando é hora de procurar ajuda.

Existem alguns sinais que são mais comuns onde se pode verificar que existe uma depressão, são eles:

• Sentimentos de desamparo e desesperança. Um panorama desolador, pensa que nunca mais nada irá ficar melhor e que independentemente dos seus esforços, não há nada que você possa fazer para melhorar sua situação.

• Perda de interesse nas atividades diárias. Falta de interesse nos passatempos anteriores, lazer, atividades sociais, ou sexo. Você perdeu a sua capacidade de sentir alegria e prazer na vida.

• Alterações no apetite ou no peso. Significativa perda de peso ou ganho de peso com uma alteração em mais de 5% do peso corporal num mês.

• Alterações do sono. Ou insónia, especialmente acordar nas primeiras horas da manhã, ou dormir demais (também conhecido como hipersonia).

• Irritabilidade ou inquietação. Sente-se agitado, e inquieto. O seu nível de tolerância à frustração é baixo, tudo e todos lhe provoca nervos.

• Perda de energia. Sente-se cansado, lento, e fisicamente esgotado. Todo o seu corpo pode sentir-se pesado e até mesmo pequenas tarefas são difíceis de realizar ou a demorar mais tempo para serem concluídas.

• Auto-aversão. Fortes sentimentos de inutilidade ou culpa. Você critica-se duramente a si mesmo por falhas percebidas e erros.

• Problemas de concentração. Dificuldade para se concentrar, tomar decisões, ou lembrar as coisas.

• Dores inexplicáveis. Um aumento do número de queixas físicas, como dores de cabeça, dores nas costas, dores musculares e dor de estômago.

De acordo com a versão mais atual de classificação internacional de doenças (CID-10) a depressão pode ser classificada como:

F32 - Episódio depressivo (caso seja o primeiro episódio) 

32.0 - Episódio depressivo leve: Dois ou três sintomas sem grave prejuízo nas atividades diárias;

32.1 - Episódio depressivo moderado: Quatro ou mais sintomas com sério prejuízo nas atividades diárias;

32.2 - Episódio depressivo grave sem sintomas psicóticos: Muitos sintomas muito intensos, severo prejuízo nas atividades diárias, ideação suicida elevada e com ou sem sintomas somáticos;

32.3 - Episódio depressivo grave com sintomas psicóticos: episódio depressivo grave acompanhado de alucinações, ideias delirantes, lentidão psicomotora ou de estupor de uma gravidade tal que todas as atividades sociais normais tornam-se impossíveis; pode existir o risco de suicídio, de desidratação ou de desnutrição. As alucinações e os delírios podem não corresponder ao caráter dominante do distúrbio afetivo;

F33 - Transtorno depressivo recorrente: Caso não seja o primeiro episódio depressivo;

F34 - Distimia: Rebaixamento crônico do humor, persistindo ao menos por vários anos.

F38 - Episódios depressivos recorrentes breves

Apesar de existir uma variedade de classificações, a depressão segue uma mesma linha de tratamento. A medicação é essencial no que se diz ajudar em aliviar os sintomas da depressão em algumas pessoas, geralmente, o objetivo da terapia medicamentosa é controlar os sintomas e tratar a doença, permitindo que o indivíduo se sinta melhor e volte a ter uma vida normal. A psicoterapia pode ser usada para que o indivíduo e a família aprendam novos comportamentos e estratégias para lidar com a depressão. Pode ajudar também a reduzir e a tratar os sintomas, discutindo-se os problemas e as emoções. O tratamento mais eficaz para a depressão na grande maioria das vezes inclui alguma forma de terapia psicológica. A Terapia psicológica (como aquela que eu pratico: Terapia Cognitivo-comportamental) oferece ferramentas para tratar a depressão através de uma variedade de abordagens e aprendizagens. Além disso, o que você aprende na terapia fornece-lhe habilidades e conhecimento para prevenir a recaída da depressão. Ensinam-se técnicas práticas sobre como reformular o pensamento negativo e empregar habilidades comportamentais no combate à depressão. A terapia também pode ajudá-lo a trabalhar na raiz da sua depressão, ajudando-o a compreender porque é que sente de uma certa maneira, o que são os seus gatilhos para a depressão, e o que você pode fazer para permanecer com o seu humor mais estável e emocionalmente mais equilibrado. 

O mais importante de tudo é que a depressão deve ser levada a serio, o apoio de familiares e amigos, mudanças de estilo de vida, e o desenvolvimento de competências emocionais não forem suficientes, procure ajuda de um profissional. 

REFERÊNCIAS

BARLOW, D.H; Manual clínico dos transtornos psicológicos; 2ª ed. Ed. Artmed; Porto Alegre; 1999

CABALLO,V.E. Manual para o tratamento cognitivo-comportamental dos transtornos psicológicos; Livraria Santos ed; São Paulo; 2003.

Extraído do blog Clistenes Carlos

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