Um livro para quem, como eu, é um entusiasta do futebol. Ousaria dizer que para quem gosta desse esporte, seja praticante ou apenas torcedor, é um livro fundamental. Àqueles que anseiam conhecer mais sobre a história de um dos esportes mais conhecidos no mundo deveriam lê-lo.
Eduardo Galeano aborda de forma brilhante, como de costume, todas as faces do mundo futebolístico. Através de pequenos “capítulos” vai apresentando com pitada poética, histórica e política todas as facetas do esporte.
Es un solo. Está condenado a mirar el partido de lejos. Sin moverse de la meta aguarda a solas, entre los tres palos, su fusilamiento. Antes vestía de negro, como el árbitro. Ahora el árbitro ya no está disfrazado de cuervo y el arquero consuela su soledad con fantasías de colores.
No entanto, nem só de encanto e paixão é feito o futebol. Em Futebol ao Sol e a Sombra, percebemos claramente o lado sombrio e pouco conhecido (talvez nem tanto) do futebol. Lado este que envolve poderosíssimos interesses políticos e financeiros. Eduardo Galeano não se detém somente a magia e as emocionantes histórias que ocorreram dentro das quatro linhas, mas sim adentra o tutano da história e de fatos que se passaram, também, longe dos gramados.
El poder sobre el deporte mundial no es moco de pavo. A fines de 1994, hablando en Nueva York ante un círculo de hombres de negocios, Havelange confesó algunos números, lo que en él no es nada frecuente: "Puedo afirmar que el movimiento financiero del fútbol en el mundo alcanza, anualmente, la suma de 225 mil millones de dólares".
Os grandes nomes do futebol mundial estão presentes, é claro, na já consagrada prosa de Galeano. Os grandes momentos de craques como: Pelé, Di Stéfano, Maradona, Zizinho, Didi, Garrincha, Obdúlio Varella – o carrasco uruguaio de 1950 – o aranha negra Yachin, Leônidas, Platini, Domingos da Guia, Friedenreich e muitos outros são mostrados nos seus momentos de esplendor e desgraça.
Enfim, Futebol ao Sol e a Sombra é um livro ágil, escrito de forma exímia e que nos brinda com histórias curtas que se aproximam muito a miniensaios. Somente um apaixonado por futebol, como Galeano, seria capaz de abordar feitos futebolísticos com tamanha destreza poética. Não falta, como era de esperar, críticas direcionadas a toda poderosa FIFA e às desigualdades sociais, tema que Galeano trilha com extrema propriedade.
* Texto originalmente publicado em Homo Literatus.
Extraído do sítio Rede Brasil Atual
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Os comentários serão moderados. Não serão mais publicados os de anônimos.