29 de junho de 2013

UMA SABOROSA VIAGEM PELA VIDA E PELAS CRÔNICAS DE RUBEM BRAGA - Xandra Stefanel

Exposição no Museu a Língua Portuguesa é uma ode à riqueza das palavras.


Quando se leem as crônicas de Rubem Braga, tem-se a impressão de que ele não tinha a pretensão de escrever. Ele é tão próximo do leitor, que parece que seus textos são um diálogo à toa (e prazeroso) com um amigo ou um vizinho. São cheios de sentimento, apesar de passar longe do sentimentalismo. São histórias que não querem conquistar nem convencer de nada. Leves como a vida sempre deveria ser.

Essa impressão (também) se pode ter ao visitar Rubem Braga – O Fazendeiro do Ar, no Museu da Língua Portuguesa, em São Paulo. Em cartaz desde a última terça-feira (25), a mostra interativa celebra o centenário de um dos maiores cronistas que o país já teve e propõe uma imersão em sua vida e obra.

O curador Joaquim Ferreira dos Santos teve acesso integral aos arquivos cedidos pela família do cronista e nos apresenta textos, documentos, correspondências, fotografias, desenhos, pinturas, publicações e vídeos com depoimentos de alguns dos amigos mais próximos Rubem Braga, como Zuenir Ventura, Fernanda Montenegro, Ziraldo e Ana Maria Machado.

Dividida em módulos temáticos – Retratos, Redação, Guerra, Passarinho, Cobertura e Cachoeiro –, a exposição mostra desde a infância do autor, em Cachoeiro do Itapemerim (ES), passando por sua vida nas redações de jornais, como repórter político e correspondente de guerra, sua conhecida paixão por pássaros e a cobertura de seu apartamento em Ipanema, onde "recriou" seu mundo rural.

Ao abrir as caixas suspensas da área Capital Secreta do Mundo, o espectador revira textos, fotos e documentos. Na sala Redação, páginas de jornal cobrem as paredes e, nas mesas típicas das redações da época, tablets acoplados às máquinas de escrever lembram folhas de papel. Ao tirar do gancho um dos dez telefones antigos, o visitante escuta músicas, jingles e notícias da Segunda Guerra Mundial, da qual Rubem Braga foi correspondente.

Para os que conhecem a obra do "inventor da moderna crônica brasileira", como é conhecido, a exposição é uma revisita ao seu estilo simples e envolvente de escrever. Aos que ainda não conhecem a beleza de seus textos, a mostra é mais que um convite: é uma ode ao prazer de ler algo que é universal porque toca a todos com igual singeleza, lirismo e humor.

“Ele vai atravessar todas as gerações. Suas crônicas falam dos detalhes, das cenas cotidianas, dos consensos da humanidade, e são embrulhadas uma a uma com um texto que veste a roupa da língua comum”, afirma o curador, que também é jornalista, escritor e cronista.

Serviço
• O que: Exposição Rubem Braga - O Fazendeiro do Ar
• Quando: de 25 de junho a 1º de setembro. Terças, das 10h às 22h; quarta a domingo, das 10h às 17h
• Onde: Museu da Língua Portuguesa - Praça da Luz, s/n - São Paulo
• Quanto: R$ 3 (meia-entrada) e R$ 6
Informações no site ou pelo tel. (11) 3322-0080.

Extraído do sítio Rede Brasil Atual

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