4 de junho de 2013

VATICANO PARTICIPA PELA PRIMEIRA VEZ DA BIENAL DE VENEZA - Kênia Zanatta

Um visitante passa diante de uma instalação do artista americano Lawrence Carroll no pavilhão do Vaticano na Bienal de Veneza, aberta ao público neste sábado, 1° de junho de 2013. Reuters

A partir deste sábado, 1° de junho de 2013, está aberta ao público a 55ª edição da Bienal de Veneza, a mais antiga e maior do mundo. Este ano a cidade acolhe um número recorde de 88 pavilhões nacionais. Entre os países que participam pela primeira vez do evento está o Vaticano.

Dez países participam pela primeira vez do evento, entre eles Angola, Paraguai e Kosovo. Mas toda a atenção está voltada para o pavilhão do Vaticano.

Quinhentos anos depois de Michelangelo, a Santa Sé encomendou obras sobre o tema bíblico da tensão entre a criação e o caos para sua estreia na Bienal de Veneza.

Criação, destruição e recriação: os doze primeiros capítulos do livro do Gênesis foram reinterpretados pelo grupo de artistas italianos do Studio Azzurro de Milão com uma instalação multimídia interativa, ilustrados por imagens em preto e branco do célebre fotógrafo tcheco Josef Koudelka e repensados pelo americano Lawrence Carroll, que realiza obras com materiais recuperados no lixo.

O cardeal Gianfranco Ravasi, uma espécie de ministro da Cultura do Vaticano, disse que essa iniciativa visa restabelecer um diálogo interrompido entre a arte e a fé. E deu a entender que esse pode ser só o começo de uma campanha da Santa Sé para recuperar o prestígio que teve um dia no mundo da arte.

Pavilhão brasileiro

Os pavilhões são uma grande vitrine onde cada país apresenta uma seleção de sua produção artística. Esse conceito de arte nacional continua em alta em Veneza, embora possa parecer anacrônico em um mundo globalizado onde artistas, curadores e galeristas trabalham cada vez mais fora de seus países de origem.

Um exemplo é o próprio curador do pavilhão brasileiro, o venezuelano Luis Pérez-Oramas, que também foi responsável pela última edição da Bienal de São Paulo. Ele explica no Agenda Europa desta semana que a exposição proposta pelo Brasil destaca dois artistas ainda pouco conhecidos fora do país, o gaúcho Hélio Fervenza e o paranaense Odires Mlászho. Eles dialogam com um trio de obras historicamente importantes para a arte brasileira contemporânea.

Palácio Enciclopédico

A exposição principal da Bienal de Veneza este ano se intitula “O Palácio Enciclopédico” e apresenta 4.500 obras realizadas por 158 artistas de 37 países.

O curador Massimiliano Gioni se inspirou no artista autodidata ítalo-americano Marino Auriti, que projetou em 1955 um museu imaginário de 136 andares destinado a abrigar todo o saber acumulado pela humanidade.

A maquete desse edifício abre a mostra instalada no antigo arsenal de Veneza, que apaga as distinções entre artistas profissionais e amadores, com uma abordagem antropológica e elementos históricos.

O Brasil é representado por Tamar Guimarães, mineira radicada na Dinamarca que trabalha com filme, som e instalações, e pelo também mineiro Paulo Nazareth, que renova o conceito de performance viajando ao redor do mundo. Além desses dois, a exposição tem ainda obras de Arthur Bispo do Rosário, morto em 1989.

Aberta até 24 de novembro, a Bienal de Veneza espera receber este ano cerca de 500 mil visitantes. Além dos pavilhões nacionais e da mostra internacional, 47 eventos paralelos em toda a cidade completam o programa. Entre eles está uma aguardada exposição do artista dissidente chinês Ai Weiwei sobre sua experiência na prisão.

O Leão de Ouro desta edição vai para duas veteranas da arte europeia, a italiana Marisa Merz e a austríaca Maria Lassnig.

Extraído do sítio RFI

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