5 de julho de 2013

DIÁRIO DE VASCO DA GAMA INCLUÍDO NO REGISTRO DA MEMÓRIA DO MUNDO DA UNESCO


O diário da primeira viagem de Vasco da Gama à Índia foi um dos 54 documentos inscritos na terça-feira no Registo da Memória do Mundo, pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO).

A aprovação da lista, pela diretora-geral da UNESCO, a búlgara Irina Bokova, foi feita na sequência de recomendações do Comité Consultivo Internacional do Programa Memória do Mundo em uma reunião realizada em Gwangju, na Coreia do Sul. Para o secretário de Estado da Cultura da República Portuguesa, Jorge Barreto Xavier, a presença do registro da viagem de Vasco da Gama à Índia “reforça o valor simbólico do papel de Portugal no processo de globalização”.

A UNESCO sustentou a escolha deste importante documento da História dos Descobrimentos Portugueses, reconhecendo o “testemunho da viagem pioneira à Índia, um dos momentos-chave que mudou o rumo da história do mundo”.

A cópia mais antiga, e a única que se conhece, do texto original do Roteiro da Primeira Viagem de Vasco da Gama à Índia, 1497-1499, encontra-se na Biblioteca Pública Municipal do Porto desde 1834, proveniente do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.

A Faculdade de Letras da Universidade do Porto disponibiliza o documento fac-similado em linha, na coleção Gâmica da Biblioteca Digital, acrescentada de uma leitura crítica do investigador José Marques.

O original do diário da viagem de Vasco da Gama à Índia, em 1497, é atribuído a Álvaro Velho, do Barreiro, e esteve exposto naquela biblioteca em 2008.

É o sexto documento português a entrar na lista da UNESCO e vai figurar ao lado da Carta de Pero Vaz de Caminha, de 1500, sobre a viagem de Pedro Álvares Cabral ao Brasil.


Registo Memória do Mundo, da UNESCO 

Criado em 1997 para proteger o património documental mundial, o Registo Memória do Mundo integrava 245 itens – dos quais três são portugueses, do Arquivo Nacional da Torre do Tombo, e um do Brasil, da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro.

Nestes novos 54 registos – selecionados em um total de 84 candidaturas – além do diário de Vasco da Gama, foram também inscritos dois documentos do Brasil: um deles consiste de um acervo de 50 mil documentos das viagens que o segundo imperador do Brasil, D. Pedro II (1825-1891), fez no seu país e a outros de quatro continentes diferentes durante o seu reinado, entre 1840 e 1889. O acervo, a cargo da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro, inclui diários pessoais, cadernos de anotações, gravuras, fotografias, correspondência e jornais, a documentar as viagens de D. Pedro II aos Estados Unidos e Canadá, à Europa e ao Médio Oriente.

Também foram classificados os arquivos de quase nove mil esboços, álbuns e desenhos técnicos de arquitetura de Oscar Niemeyer, o famoso arquiteto de Brasília falecido em dezembro de 2012, aos 104 anos.

“São sinais de que, cada vez mais, é reconhecida por todos a contribuição que a cultura brasileira pode dar para o mundo”, disse em comunicado a ministra da Cultura do Brasil, Marta Suplicy.

“Eu diria que é o reconhecimento de dois grandes expoentes do Brasil, cada um no seu período. Ou seja, D. Pedro II para o século XIX e Oscar Niemeyer para os séculos XX e XXI. Nós temos o Brasil e os dois séculos iniciais do Estado nacional brasileiro vistos a partir da produção, a partir da reflexão dos dois brasileiros mais representativos desses dois períodos”, afirmou Maurício Ferreira Júnior, o diretor do Museu Imperial de Petrópolis, no Estado do Rio de Janeiro.

Além destes, do universo da Lusofonia, também foi inscrita a coleção de documentos audiovisuais do jornalista e realizador britânico Max Stahl sobre o nascimento de Timor-Leste como nação. “É extremamente importante. É a nossa história e, sendo nós parte do mundo, ficamos muito orgulhosos pela Organização da ONU para a Educação, Ciência e Cultura aceitar que essas memórias façam parte da herança cultural da humanidade”, afirmou o ministro dos Negócios Estrangeiros do Timor-Leste, José Luís Guterres.

Neste momento, o Registo da Memória do Mundo da UNESCO conta com 299 documentos e coleções documentais dos cinco continentes, conservados em todo o tipo de suportes, da pedra e do pergaminho às gravações audiovisuais. 

* Publicado originalmente em Agência Lusa, da Rádio ONU e da RTP (Portugal).

Extraído do sítio Ventos da Lusofonia

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