12 de julho de 2013

O BRASIL TEM 3.300 MUSEUS E PRECISA DE MAIS, DIZ NOVO PRESIDENTE DO IBRAM - Marco Aurélio Canônico

Mais de três meses após ter sido indicado pela ministra da Cultura como novo presidente do Ibram (Instituto Brasileiro de Museus), o mineiro Ângelo Oswaldo de Araújo Santos, 65, teve sua nomeação publicada na terça (9), no Diário Oficial da União, e disse à Folha que o país tem menos museus do que o necessário.

"O Brasil tem 3.300 museus e 5.600 municípios, então precisa de mais museus, porque muitos municípios ainda não têm um", disse Araújo Santos, que conversou com a reportagem durante a inauguração da exposição "Herança do Sagrado: Obras-Primas do Vaticano e de Museus Italianos", na noite de terça-feira, no Museu Nacional de Belas Artes, no Rio.

"A ministra Marta Suplicy tem a clara compreensão do fenômeno dos museus. Ela tem ressaltado que nove entre dez prefeitos que vão ao seu gabinete com deputados e senadores vêm requisitar museus. É um fenômeno que acontece hoje, porque o museu se transformou num instrumento para o desenvolvimento de projetos sócio-culturais", disse o novo presidente do Ibram.

Questionado pela Folha se a baixa taxa de visitação da maioria dos museus brasileiros não depõe contra a ideia de aumentar o número de instituições do gênero, Araújo Santos citou o que vê como exemplos de sucesso.

"Não acho que os museus brasileiros são pouco visitados, porque estou acostumado a ver fila todo dia na porta do Museu da Inconfidência, em Ouro Preto. O museu de Inhotim, hoje, atrai gente do mundo inteiro para Brumadinho [MG]. O Museu Imperial, de Petrópolis, é um dos mais visitados do país", disse, mencionando ainda o Masp, o Museu Iberê Camargo (Porto Alegre), o MAC de Niterói e o Museu do Ipiranga, de São Paulo.

"Estamos numa escalada, o país está em desenvolvimento e os museus acompanham o ritmo do país. Há hoje um público novo, que está tendo acesso à produção cultural brasileira. Há uma transformação positiva, cabe ao Ibram buscar sempre mais, ampliar o público e aprimorar os museus."

RECURSOS SUBSTANCIOSOS

Ex-prefeito de Ouro Preto (MG) em três mandatos, pelo PMDB, Araújo Santos já havia presidido o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), órgão anteriormente responsável também pelos museus do país. Ele substitui em seu novo cargo o antropólogo José do Nascimento Júnior, que criou o Ibram em 2009 e foi exonerado da presidência do órgão pela ministra Marta Suplicy em março.

Na contramão de boa parte dos presidentes de órgãos ligados ao MinC, que reclamam da falta de pessoal, da evasão de funcionários por conta dos baixos salários e da falta de dinheiro para investimentos, o novo presidente do Ibram elogiou a situação do instituto --que tem um orçamento de R$ 142 milhões previsto para este ano, R$ 14 milhões a mais do que em 2012.

"Do ponto de vista de pessoal, temos equipe suficiente, competente para assumir qualquer desafio. Do ponto de vista financeiro, temos uma legislação maravilhosa que nos permite captar recursos. E há uma estratégia de captação do ministério da Cultura. A ministra esteve hoje [terça] em uma reunião na Petrobras e vamos ter recursos substanciosos para investimentos nos museus nos próximos meses."

Araújo Santos não quis antecipar o valor a ser investido pela estatal --disse que Marta Suplicy fará um anúncio em breve--, mas mostrou-se confiante no apoio da ministra para cumprir o que chamou de "grande desafio".

"Não acho que está tudo pronto, não, estou vindo para trabalhar. O Ibram administra 30 museus, eles têm de ser paradigmáticos, funcionar como referência. Têm de ser aperfeiçoados cada vez mais. Os grandes museus precisam de investimentos e eles vão ser feitos. Já temos recursos garantidos."

Extraído do sítio Folha de S. Paulo

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