1 de julho de 2013

PARATY CULT: UM GUIA COMPLETO PARA APROVEITAR A FLIP NA CIDADE - Mariana Suzuki e Ana Carolina Ralston

De 3 a 7 de julho acontece mais uma edição da Flip, megaevento de literatura. Nessa época, a cidadezinha charmosa, de arquitetura colonial e lindas praias desertas, recebe escritores do mundo inteiro – e também muitas festas, paquera e boemia. Aqui, um guia completo para aproveitar a temporada cultural.

Paisagem da Ilha do Pelado, a 900 m da costa. Foto: Latinstock
Nos estreitos corredores de pedra que formam as ruas de Paraty, uma pequena multidão – cerca de 20 mil pessoas, vestindo seus chapéus panamá e camisas xadrez – se aglomera, de duas em duas horas, perto das tendas instaladas na margem do rio Perequê-Açu. A cena, que acontece a partir das 10h durante cinco dias de julho, se repete desde 2003, quando a cidade passou a sediar o maior evento de literatura da América Latina, a Festa Literária Internacional de Paraty (Flip). Por lá passam escritores em ascensão e outros já bastante populares, como Luis Fernando Veríssimo e Zuenir Ventura, que estiveram em edições anteriores, ou o irlandês John Banville, vencedor do Booker Prize e cotado ao Nobel, que virá este ano. Mas não só. O festival, que irá homenagear Graciliano Ramos em 2013, é só uma desculpa para transformar a pequena região histórica em uma festa a céu aberto, repleta de boemia, azaração e efervescência criativa.

Poetas fantasiados declamam versos pelas ruelas, escritores independentes aproveitam a imprensa especializada para apresentar suas obras, artistas se arriscam em performances, músicos tocam em praças ou em frente a bares que, com o aumento do público, estendem as mesas para fora. Pequenas galerias de arte organizam vernissages para promover artistas locais e outros nomes do cenário contemporâneo. Muita gente interessante do meio editorial se reúne e, ao lado de visitantes que nada têm a ver com o mercado, dão o clima de paquera. Tudo começa com o grande show de abertura na primeira noite do festival. Na edição deste ano, volta ao palco Gilberto Gil, que inaugurou a Festa em 2003. Já se apresentaram Maria Bethânia, Elza Soares e Lenine. A tenda, montada ao lado da praia, faz que os mais animados se arrisquem pela areia, no embalo da música. Todas as noites, uma editora diferente organiza festas com música, comida boa e (muita) bebida. Em geral, acontecem em casas alugadas no Centro Histórico ou em barcos atracados no porto. Entre as festas mais tradicionais do evento está o sarau “real”, promovido por João de Orleans e Bragança em seu charmoso casarão à beira-mar. O evento, que gira em torno de uma grande fogueira e é regado a cachaça artesanal, atrai intelectuais e celebridades a partir do final da tarde. Os participantes recitam suas poesias preferidas no jardim guardado pela centenária amendoeira da família. Não raro, a estrela de uma novela das nove pode ser vista tropeçando nas pedras irregulares após a festa, depois de muita boemia.

Vista da Igreja de Santa Rita. Foto: Latinstock
Depois do circuito de palestras, amigos se reúnem para jantar nos charmosos restaurantes do centro histórico, como o concorridíssimo Punto DiVino, que lota a partir das 19h. O salão externo é embalado por shows com banquinho e violão. Os bares, que são pequenos, também ficam cheios, em especial os próximos à Praça Matriz. Com décor típico de botequim carioca – piso quadriculado, banquinhos de couro vermelho e luminárias art déco –, a Casa Coupê é a mais procurada. Fundada em 1952, tem uma grande seleção de cachaças e gastronomia brasileira caprichada, como polenta cremosa, caldinho de feijão e sopa de abóbora com carne seca. “Serve como ponto de encontro dos escritores pós-palestra. Eles sentam nas mesinhas da calçada e tomam caipirinhas”, conta Tetê Etrusco, proprietária da pousada mais exclusiva da cidade, a Casa Turquesa, e moradora de Paraty há mais de uma década. “Outro local bem popular é o Café Pingado, chamado extraoficialmente de ‘café da Flip’”, afirma. “É onde os frequentadores vão comentar o que foi discutido nas tendas.”

Bem na divisa do litoral norte de São Paulo com o Rio de Janeiro, Paraty tem muitos outros atrativos além do agito que acontece no centrinho colonial – fundado há 350 anos, quando ali funcionava um dos grandes portos exportadores do ouro que vinha de Minas Gerais. O município, localizado em meio à Mata Atlântica, tem cerca de 50 praias e 65 ilhas, que podem ser acessadas por barco, em um passeio delicioso em meio a golfinhos e tartarugas. Mesmo no inverno, a temperatura é amena: a média é de 21°C e o clima, mais seco do que no resto do ano (chuvas são comuns em todos os outros meses). Período ideal para conhecer lugares como o Saco do Mamanguá, uma espécie de “fiorde” tropical que não existe igual no mundo. Trata-se de um braço de mar que avança quase 10 km para dentro do continente, cercado por montanhas altas. Uma ótima pausa para relaxar a mente entre uma palestra e outra. A seguir, um guia completo para aproveitar a cidade durante a temporada cultural da Flip – e também fora dela.

Acima, detalhe da fachada de uma LOJA. Abaixo, canoa de pesca próxima ao Mercado do Pescador. Fotos: Getty Images/Pulsar
Onde fica:

Casa Turquesa – Tem apenas nove suítes, todas superaconchegantes. Romântica, é muito procurada por casais. Apesar de estar localizada no Centro Histórico, fica em um cantinho tranquilo em frente ao cais com vista para a baía e próxima à igreja de Santa Rita, erguida em 1722. A pousada é uma junção de três casarões antigos, restaurados com todo o cuidado para manter a fachada e o estilo colonial do século 18. O tom turquesa está nos detalhes de cada ambiente: nos chinelos, drinques de boas-vindas, louças, objetos de decoração e até no colar de pedras que as mulheres ganham no checkout. Outro mimo é o café da manhã, servido a partir das 8h até o último hóspede acordar. A infraestrutura é de pousada de luxo, com piscina, hidromassagem, jardim com gazebo, sala de leitura com lareira e happy hour com caipirinhas. A simpática proprietária, Tetê trusco, eixa dicas sobre a cidade nos quartos. Diárias a partir de R$1.100. 
www.casaturquesa.com.br.

Pousada Porto Imperial – Em um prédio de 1808, tem 47 apartamentos e fica bem no centrinho, próximo a bares, lojas e restaurantes. Os quartos homenageiam personagens históricos femininos, como Princesa Isabel e Raquel de Queiroz. O décor é tradicional, com móveis de antiquário, também do período colonial. Muito freqüentado por famílias por conta da grande área externa. Além de hidromassagem tem piscina e jardim, lugares preferidos pelas crianças. Possui estacionamento e manobrista. Diárias a partir de R$ 490. 
www.pousadaportoimperial.com.br;

Aldeia Paratii – Saindo do Centro Histórico, é possível achar opções de pousadas mais em conta, mas ainda muito charmosas. A Aldeia Paratii é uma das mais bacanas, pois ainda fica próxima ao agito, entre as praias do Pontal e Jabaquara. Aconchegante, possui apenas 12 suítes. Além do farto café da manhã, oferece um chá da tarde com bolos, chás e café gourmet, entre as 14h e as 19h. Diárias para casal a partir de R$ 250. 
www.aldeiaparatii.com.

Acima, morador e turista pelas ruas do Centro Histórico. Abaixo, café da manhã da Pousada Casa Turquesa. Foto: Tuca Reinés/Divulgação e Casa Turquesa - Fernanda Preto.
Onde comer:

Refúgio – Fica na praça da Bandeira, bem em frente ao mar. O ambiente é sofisticado, com iluminação indireta feita por castiçais. Até por isso, o salão interno é frequentado praticamente por casais. Há ainda uma área externa, um pouco mais descontraída, para aproveitar a noite com os amigos, apreciar um bom vinho e outros drinques. É especialmente saborosa a caipirinha feita com a cachaça de Paraty Maria Isabel. No menu, um mix de gastronomia brasileira com sabores internacionais. São deliciosas as vieiras cozidas no forno com parmesão, cogumelos e vinho branco e o Camarão Casadinho (R$ 88), que acompanha arroz com legumes e batatas. As porções são grandes e servem duas pessoas.
www.restauranterefugio.com.

Thai Brasil – Produz uma gastronomia tailandesa mais leve, sem caprichar demais na pimenta. Ervas aromáticas como coentro e tomilho estão em quase todos os pratos, que levam lulas, camarões, ostras e peixes, principalmente. Uma das receitas mais pedidas é camarão grelhado com aspargos frescos e manjericão tailandês, acompanhado de arroz branco com jasmim (R$ 58). Além das caipirinhas, há refrescantes drinques temáticos, como o Mango Daiquiri (R$ 15). A turma jovem, entre 20 e 30 anos, costuma frequentar. Como abre às 18h, fica lotado durante o happy hour. 
www.thaibrasil.com.br.

Quiosque Encantado – Local ideal para quem procura um ambiente tranquilo, despretensioso e ao ar livre. Fica na ponta da praia do Jabaquara, próximo ao mangue. É onde o Bloco da Lama, tradicional bloco de Carnaval de Paraty, ensaia durante o ano. Os pratos são simples e têm foco em peixes e frutos do mar frescos. À noite, há também opções de pizzas. tel.: (24) 3371-6283.

Acima, prateleira com as cachaças da região. Abaixo, cena cotidiana, ao fundo, casa com arquitetura colonial, comum na cidade. Foto: Pulsar e Tuca Reinés.
Onde badalar:

Banana da Terra – Um dos points da cidade, é um mix de bar, lounge e restaurante. Disputado, tem fila de espera que pode chegar a mais de um mês. O menu é comandado pela chef Ana Bueno, que assumiu o negócio da família e transformou a culinária caiçara em pratos sofisticados, utilizando temperos e ingredientes inusitados, como a banana flambada com cachaça. rua Doutor Samuel Costa, 198.
www.restaurantebananadaterra.com.br.

Café Pingado – Perfeito para um lanche, um café ou doces a qualquer hora do dia. Charmoso, é o local em que os intelectuais e frequentadores da Flip, em geral, se reúnem entre uma palestra e outra, para tecer comentários. Sempre cheio, é preciso um pouco de paciência para conseguir uma mesa. rua Doutor Samuel Costa, 208

Casa Coupê – Em frente à praça da Matriz, fica na esquina mais movimentada de Paraty. Referência da boemia local, ótimo para quem procura agito, bons petiscos e cachaças artesanais. É o bar preferido dos escritores durante a Flip. Fundado há mais de 50 anos, passou por uma reforma recente, que deixou o espaço mais confortável e o cardápio, amplo (há também bons sanduíches, saladas e sopas). Praça Matriz s/nº.
www.casacoupe.com.br.

Acima, barcos de pesca atracados no porto. Abaixo, detalhes da decoração  de parte da suíte da Pousada Casa Turquesa. Foto: Tuca Reinés/Divulgação Casa Turquesa - Andre Azevedo.
Acima, casarões e moradora pelas ruas do Centro Histórico. Abaixo, Praia Vermelha: acesso só por meio  de barcos. Foto: Tuca Reinés e Getty Images.
Extraído do sítio Revista Marie Claire

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