18 de julho de 2013

UMA ANÁLISE PSICOLÓGICA SOBRE O TRATAMENTO DA DEPRESSÃO: DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO - José Geraldo Rabelo


Durante muito tempo acreditou-se que o ser humano vem ao mundo qual se fora uma folha de papel em branco, uma tábula rasa, e que a imitação em relação ao que via, ao que experimenta, a iniciar pelos pais que lhe vertiam os conhecimentos e aprendizagem das impressões que deveria repetir depois.

Porém, não somente a tecnologia tem sofrido seus avanços de inexorável valor perante aos que dela vem aprendendo a usá-la em seu próprio benefício e em prol da humanidade; mas outros “campos” vêm sofrendo também alterações e complementações de grande valor: o estudo minucioso sobre o ser em sua plenitude torna-se um vasto campo de pesquisas dentro da medicina, da psicologia humanista e transpessoal, da psicanálise, psicobiologia, física quântica e outras Ciências afins.

Aprofundando-se mais a sonda no cerne do ser, contata-se que todo esse complexo de energia procede do Espírito que a exterioriza conforme o seu padrão evolutivo, produzindo emoções superiores ou inquietantes de que tem necessidade no campo do crescimento moral.

A depressão deixou de ser vista apenas pelo âmbito do físico; mas estudiosos da conduta psicológica constatam que é possível à felicidade, porque existem fatores fisiológicos que a propiciam e referem-se ao milagre da dopamina, o neuropeptídeo que fomenta e produz.

Experiências cuidadosas com tomografia computadorizada apresentam as áreas cerebrais onde se situam a felicidade e a infelicidade, resultado das emoções e dos fenômenos físicos produzidos pela dopamina, bem como por outras substâncias, assim confirmando a tese de natureza orgânica.

Um sentimento qualquer envia impulsos, procedentes do tronco cerebral, ao cerebelo que os processa e envia aos músculos como ordens, permitindo que o diencéfalo entre em ação, propiciando a excitação emocional, de modo que o córtex ative as circunvoluções na área frontal, transformando as emoções em atitudes e realizações objetivas. Ocorre, desse modo, todo um processo eletroquímico, através do qual o sentimento estimula as áreas próprias que o transformam, conduzem e materializam.

É fácil, portanto, compreender-se que o ser humano é todo um feixe de emoções que necessitam ser bem direcionadas, e que a educação, o conhecimento, o exercício se encarregam de transformar em vivências.

Dentro desse contexto de grande complexidade, um diagnóstico não deve ser encerrado num tempo limitado por visão “limitada” de qualquer que seja o profissional da saúde que investiga àquele que sofre e que nos procura para ajudá-lo a compreender a si mesmo e o conjunto de sintomas, que pode nos dar uma melhor visão, para fornecimento de um diagnóstico inicial; mas nunca definitivo.

É imprescindível que se olhe não apenas pela visão organicista e acadêmica; mas, necessário se faz, que aprendamos a ouvir e ver o paciente através dos olhos da alma. Que não nos precipitemos no diagnóstico; pois, com certeza, o próprio paciente se incumbirá de nos apresentar a “raiz” ou origem de sua “possível” depressão.

Sem ouvir atentamente a história do paciente, torna-se impossível dar a ele qualquer ajuda. Ao invés dos enfretamentos dos problemas com naturalidade, determinadas predisposições emocionais impedem a aceitação das ocorrências mais exaustivas, produzindo um mecanismo automático escapista, mediante o qual parece livrar-se da dificuldade, quando, apenas a posterga.

A depressão, muitas vezes, é a fuga de uma dor real em que o paciente ou seu consciente não está, ou pensa que não está pronto para enfrentá-lo. Tão natural e repetitivo se faz esse fenômeno, que o paciente deixa-se mascarar por fatores opressivos (raiz da depressão) que terminam por vencê-lo.

Não poucas vezes, diante dos grandes desafios para os quais o indivíduo não se sente equipado, por lhe faltarem os recursos hábeis para os arrostar, foge para atitudes levianas (nesse ponto a depressão funciona como fuga e busca de auto piedade) e irresponsáveis como se estivesse agindo de forma correta.

Alguns estados pré-depressivos igualmente decorrem da incapacidade de serem resolvidos os desafios existências, facultando ao indivíduo esconder-se no medo que o leva ao mutismo, ao afastamento do convívio social e familial, em uma forma de poupar-se a qualquer tipo de sofrimento, uma ilusão que o leva a mais sofrimento.

Muito curioso tal mecanismo de fuga, tendo-se em vista que o enfermo vai defrontar-se com aquilo que gostaria de evitar, desde que se torna infeliz, inseguro, no refúgio perigoso em que se homizia. Evidentemente, com o transcorrer do tempo aumenta a insatisfação com a existência e desce ao abismo da depressão psicológica, ensejando ao organismo, pelo impacto contínuo da mente receosa, perturbação nas neurotransmissões em decorrência da ausência de serotonina e noradrenalina.

Não posso negar, até mesmo por experiência própria, que um grande desencadeador da depressão é o álcool, que impede a produção de hormônios regulador do humor e abre as portas para o processo obsessivo, auto obsessivo e fuga da realidade.

Ninguém cresce ou se desenvolve em estado de paralisia e a depressão é um desses caminhos de aniquilamento do ser em sua busca constante de si mesmo.

Após um minucioso estudo da história do paciente pode-se chegar a um diagnóstico mais aproximado sobre seu estado físico e psicológico, sem que percamos a visão holística do ser e a certeza que todo indivíduo trás em sua bagagem espiritual o “germe” ou predisposição ao processo depressivo. Desamor a si mesmo.

A depressão nasce no Espírito, se desenvolve na mente (pensamentos e emoções) e, quando não tratada, desemboca no corpo físico através dos terríveis sintomas.

O prognóstico, portanto, pode ser iniciado com uma medicação apropriada para ajudar o paciente diante dos sintomas, um tratamento psicológico/psicoterápico com um profissional especializado nessa área (depressão X ansiedade) com uma visão holística do ser, e tratamento espiritual – que nada tem a ver com religião; mas com a Ciência Espiritual.

Esse primeiro passo é mostrar ao paciente a sua capacidade de curar-se e retornar a vida “normal”, haja vista que o próprio indivíduo perde a autoestima e considera-se incapacitado para quaisquer realizações que lhe exigem esforço, acostumado conforme se encontra a desistir diante de qualquer mobilização de forças físicas, morais e intelectuais.

Alertar ao paciente de que a medicação vai lhe ajudar a levantar, mas não vai curá-lo da depressão, pois sabemos que ainda não descobriram uma medicação capaz de curar a depressão, uma vez que cada indivíduo que “desperta” a depressão em si, advindo de fatores diferenciados e de acordo com sua conduta perante a vida e o viver. Embora passem por sintomas semelhantes e desencadeiam de igual semelhança os fatores orgânicos, a verdadeira origem é individual.

Saúde mental, emocional, espiritual, por extensão, física também, será sempre o resultado do equilíbrio psicofísico que deve viger nos indivíduos que se trabalham interiormente, cultivando o otimismo, o amor por si e pelo próximo e a confiança irrestrita em Deus e na vida. Caminhos não percorridos prosseguem sempre como incógnitas desafiadoras.

* José Geraldo Rabelo. Psicólogo holístico. Psicoterapeuta espiritualista. Parapsicólogo. Filósofo clínico. Escritor e palestrante. E-mails.: rabelojosegeraldo@yahoo.com.br e/ou rabelosterapeuta@hotmail.com).

Extraído do sítio Diário da Manhã

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