4 de setembro de 2013

BIENAL DO LIVRO DO RIO DE JANEIRO ABRE COM HOMENAGEM A ALEMANHA - Kristina Michahelles


Maior evento literário da cidade recebe 11 escritores e ilustradores alemães, como os veteranos Wladimir Kaminer e Ilija Trojanow e jovens autores como Kathrin Passig. No ano antes da Copa, editoras apostam no futebol.


No ano que antecede a Copa do Mundo de 2014, editores e livreiros apostaram firme no tema futebol. Nunca se lançaram tantos livros em torno da temática, e a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, que começa nesta quinta-feira (29/08), dedicará 15 mesas de discussão ao esporte, num espaço batizado de "Goleada Literária".

A Alemanha, país homenageado da Bienal no âmbito do Ano Alemanha + Brasil, inaugura o maior evento literário da cidade, com a participação do ex-jogador de futebol alemão Michael Ballack.

"Ballack vai dar muita visibilidade à presença alemã na Bienal", justifica Claudio Struck, coordenador das centenas de eventos que compõem o Ano Alemanha + Brasil, ao rebater as críticas de intelectuais sobre a presença do ex-capitão da seleção da Alemanha nas lides literárias e informar que o jogador não cobrou cachê para vir ao Brasil.

Perto de 700 mil pessoas deverão circular pelos três enormes pavilhões (55 mil m²) do Riocentro até o dia 8 de setembro, calculam os organizadores.

Multiculturalismo

O time alemão montado pelo Instituto Goethe inclui dos mais veteranos Wladimir Kaminer e Ilija Trojanow (que lança seu romance Degelo, editado pela Companhia das Letras) a outros autores, mais jovens, dos quais seis foram convidados a passar um mês em diversos cantos do país, para anotar suas impressões no blog Stadtschreiber ("Escritores nas cidades").

Ex-capitão da seleção Michael Ballack inaugura estande alemão

Assim, Carmen Stephan – que já morou no Brasil trabalhando como correspondente – já começou registrando o roubo da própria câmera e primeiras impressões de Fortaleza. Trojanow (O colecionador de mundos) irá para Salvador. Kathrin Passig ficará na megalópole São Paulo, Ingo Schulze confirma seu fascínio pela região amazônica, Jasmin Ramadan (descendente de egípcios) vai para Porto Alegre e Olga Grjasnova (nascida no Azerbaijão) desvendará o Rio de Janeiro.

A programação para as discussões no café literário e no tablado montado no estande alemão é calcada na mistura de gêneros e na multiculturalidade. O poeta de slam Bas Böttcher se apresentará com o artista visual Ricardo Domeneck, os ilustradores alemães Axel Scheffler e Ole Könnecke trocarão experiências com colegas brasileiros – numa experiência que mistura poesia com música e crítica literária com romance.

Os ilustradores, aliás, desenvolveram uma HQ especialmente para apresentar a Alemanha em uma perspectiva bem-humorada.

Alemanha de A a Z

O escritor veterano Ingo Schulze é um dos 11 autores e ilustradores na Bienal

O visitante do estande alemão estará imediatamente ambientado na exposição multimídia "Alemão para iniciantes", com as 26 letras do alfabeto ilustradas por palavras tao típicas do dia-a-dia alemão quanto A de "Arbeit" (trabalho) e Z de "Zukunft" (futuro). Crianças e adolescentes poderão se familiarizar com a língua alemã com ferramentas interativas.

Além dos lançamentos de livros e debates próprios dessas feiras literárias, haverá atrações como um prêmio de design de postais e o KulturTour, caminhão cultural itinerante do Instituto Goethe que, depois de percorrer diversas cidades brasileiras, ficará estacionado até o dia 1º de setembro em frente ao Pavilhão 3 com várias atividades.

Mercados editoriais

De um lado, o mercado editorial alemão está avançando em termos de faturamento (crescimento de 3% em 2012 em relação a 2011) e de vendas físicas, resultado de mudanças socioeconômicas com uma classe média em expansão.

De outro lado, o brasileiro está lendo menos, como revelou no ano passado a pesquisa Retrato da Leitura no Brasil, divulgada pelo Instituto Pró-Livro. O número de brasileiros que haviam lido ao menos uma obra nos três meses que antecederam a pesquisa caiu de 95,6 milhões (55% da população estimada), em 2007, para 88,2 milhões (50%), em 2011.

"Nesse contexto, o maior objetivo não é o trabalho com o livro e a leitura em si, e sim o espaço de diálogo e de divulgação", reflete a escritora Carola Saavedra, autora de vários livros já traduzidos para o alemão.

Ronaldo Wrobel, autor do bestseller Traduzindo Hannah (6 mil exemplares vendidos na primeira edição alemã, esgotada rapidamente) e que passou duas temporadas na Alemanha levantando informações para seus livros, concorda: "A Bienal é um espaço de difusão do país, uma oportunidade de acabar com os estereótipos que sobrevivem desde a II Guerra Mundial e de mostrar aos brasileiros o cosmopolitismo que marca a Alemanha moderna."

Extraído do sítio Deutsche Welle

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