29 de setembro de 2013

O CORAÇÃO DAS BRASILEIRAS PEDE CUIDADOS - Dra. Magaly Arrais


Em 29 de setembro é celebrado o Dia Mundial do Coração. A data foi criada para alertar a população a respeito das doenças cardiovasculares, maior causa de mortalidade no mundo. Embora tradicionalmente conhecidas por atingirem principalmente os homens, as doenças cardiovasculares são responsáveis por mais de 8,5 milhões de óbitos por ano entre mulheres ao redor do mundo. No Brasil, o AVC (acidente cardiovascular cerebral) e o infarto do miocárdio (IM) lideram as causas de mortes.

Dentre os fatores de risco que levam às doenças cardiovasculares, além da influência genética, é importante considerar outros elementos, como: colesterol elevado, pressão alta, diabetes, obesidade abdominal, tabagismo e o sedentarismo. No caso das mulheres, o tabagismo aliado ao uso da pílula anticoncepcional, triplica o risco de trombose arterial. E após os 45 anos, quando ocorre a diminuição dos níveis hormonais e a chegada da menopausa, a incidência de doenças cardiovasculares aumenta. A probabilidade de se ter um infarto após a menopausa é duas vezes maior do que em mulheres na mesma faixa etária e que ainda possuem ciclo menstrual.

Além dos fatores de risco, os sintomas podem ter diferenças relevantes entre os sexos. O mais característico do infarto do miocárdio (IM) nos homens é uma forte dor no peito, que irradia para os braços e é acompanhada de náuseas e sudorese fria. Mas quando se trata da mulher, pode ser diferente. Dores nas costas, cansaço aos esforços, fraqueza, dores gástricas e falta de ar são alguns dos sintomas, que infelizmente muitas vezes são confundidos com problemas do dia a dia, subdiagnosticados, sendo o diagnóstico tardio uma das causas de maior mortalidade por IM no sexo feminino. No País, a cada dez óbitos por infarto, quatro são entre pessoas do sexo feminino, segundo dados da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC).

Diante deste quadro, a SBC adotou este mês diretrizes mais rígidas para prevenir a população dos problemas cardiovasculares. A principal alteração remete aos valores de recomendação do colesterol ruim (LDL), que em excesso se deposita na parede das artérias provocando a obstrução, causando doenças como infarto e derrame. Antes a referência para pacientes de alto risco era 100 ml/dL, na nova regra o valor deve ser menor a 70 ml/dL. Tais mudanças ampliam o grupo a ser tratado, atingindo mais mulheres, inclusive mais jovens.

A vida moderna também tem sua parcela de culpa no aumento das doenças cardiovasculares entre mulheres, o acumulo de vários papéis: empresária, mãe e dona de casa as expõem a um maior estresse e favorece hábitos como sedentarismo e má alimentação, levando à obesidade. Muitas mulheres também reconhecem apenas a necessidade de ir anualmente ao ginecologista, visando prevenir cânceres de útero e mamas, subjugando a visita ao cardiologista. Porém, de acordo com dados do Ministério da Saúde, as doenças cardiovasculares matam seis vezes mais do que o câncer de mama. Além do Dia Mundial do Coração, as mulheres devem procurar sempre melhorar seus hábitos e proteger sua saúde, ir ao médico com frequência ajuda a diagnosticar previamente a doença cardiovascular, permitindo o tratamento sem deixar que a doença chegue a um estágio crítico.

* Artigo assinado pela Dra. Magaly Arrais, cirurgiã cardiovascular do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia e do Hcor (Hospital do Coração) e porta-voz da campanha “O que mais existe por trás do biquíni” (www.portrasdobiquini.com.br).

Extraído do sítio ParanáShop

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